Mais conhecido pela autoria de novelas de sucesso como O Cravo e a Rosa, Alma Gêmea e Caras e Bocas, o escritor Walcyr Carrasco também é dono de extensa obra voltada para o público infantil.
Aos mais de trinta livros publicados, se juntam agora os títulos A Ararinha de Bico Torto, Pituxa, a Vira-lata e Meus Dois Pais, lançados de uma só vez pela Editora Ática.
Nos três livros, o autor fala sobre o preconceito gerado pelas diferenças e inova ao escrever pela primeira vez sobre a temática homossexual para crianças na faixa dos 8 aos 10 anos.
Em Meus Dois Pais, o autor conta a história de um menino que descobre que o pai é gay e os conflitos que surgem a partir disso. Confira abaixo alguns trechos da entrevista em que ele explica os detalhes da experiência de escrever uma obra tão pioneira.
Seus três novos livros falam sobre diferenças sexuais, físicas e sociais. Qual foi o mais delicado, mais difícil de escrever?
Walcyr Carrasco: O mais difícil foi o primeiro, A Ararinha de Bico Torto, pois surgiu a partir de um caso real. Meu cabeleireiro, Mário Nunes, criou de fato um filhote de arara de bico torto e a ensinou a comer. Desse fato surgiu a ideia da coleção.
Os outros vieram em seguida, a partir da minha observação sobre a realidade. No caso de Meus Dois Pais, já conheci casais gays que criaram filhos e vi os problemas que enfrentaram para que suas crianças fossem felizes.
Teve algum receio ao abordar a homossexualidade para crianças?
WC: De maneira alguma. A criança é aberta, sensível, está em processo de formação e por isso tem mais facilidade de aceitar as diferenças, desde que não sejam influenciadas pelo preconceito dos adultos.
Qual era o seu objetivo escrevendo um livro com essa temática?
WC: Sempre digo que o escritor, além de entreter, ilumina aspectos do ser humano, e por isso pode contribuir para uma sociedade melhor. Isso está presente em todas as minhas obras, inclusive nas novelas. Acho que os livros ajudarão as crianças, pais e professores a debater temas importantes para a formação do cidadão e a aceitação do outro.
Você recebeu orientação de um psiquiatra especialista em sexualidade humana no livro Meus Dois Pais. Isso foi opção sua? Teve medo de fazer uma abordagem errada do tema para as crianças?
WC: Na verdade, o processo foi diferente. Eu escrevi o livro, e o psiquiatra foi convidado pela editora, sem ter nenhum contato pessoal comigo. Ele fez algumas sugestões de mudança, principalmente em relação a termos que eu usava e também em relação a trechos onde eu tentava ser muito explicativo e podia me tornar confuso.
Ele enviou as sugestões por e-mail, e vi que ele estava certo em tudo. A participação do psiquiatra foi importante porque em um tema tão delicado eu não podia cometer erros.
Na obra, você diz que se inspirou em um casal de amigos que tem exatamente aquela formação familiar, com dois pais gays. Chegou a ouvir alguma oposição de casais heterossexuais de que a temática não era adequada para livros infantis?
WC: Sinceramente, mesmo no meu Twitter não senti nenhuma oposição. E olha que tenho 48 mil seguidores. Pelo contrário, recebi apoio e tenho recebido. É o primeiro livro que trata dessa temática para crianças dessa faixa etária.
Obviamente, muita gente será contra. Mas a forma como eu coloquei é delicada e as ilustrações são lindas. Estou certo que as crianças vão gostar do livro em si, pela história que conta. E que muitos pais vão ficar felizes em poder conversar, através dos livros, sobre esse tema que já está presente em toda a sociedade.
Acha que existe uma carência de livros e outras mídias que possam colaborar para acabar com o preconceito contra homossexuais?
WC: Acho, sim. Não só contra os homossexuais, mas contra o preconceito em geral. Fala-se muito, mas há pouco debate a respeito. Meu próximo livro vai falar sobre uma menina gorda. O preconceito estético também é terrível, ainda mais entre crianças e adolescentes. E quase não se fala sobre isso.
Via Ego
Aos mais de trinta livros publicados, se juntam agora os títulos A Ararinha de Bico Torto, Pituxa, a Vira-lata e Meus Dois Pais, lançados de uma só vez pela Editora Ática.
Nos três livros, o autor fala sobre o preconceito gerado pelas diferenças e inova ao escrever pela primeira vez sobre a temática homossexual para crianças na faixa dos 8 aos 10 anos.
Em Meus Dois Pais, o autor conta a história de um menino que descobre que o pai é gay e os conflitos que surgem a partir disso. Confira abaixo alguns trechos da entrevista em que ele explica os detalhes da experiência de escrever uma obra tão pioneira.
Seus três novos livros falam sobre diferenças sexuais, físicas e sociais. Qual foi o mais delicado, mais difícil de escrever?
Walcyr Carrasco: O mais difícil foi o primeiro, A Ararinha de Bico Torto, pois surgiu a partir de um caso real. Meu cabeleireiro, Mário Nunes, criou de fato um filhote de arara de bico torto e a ensinou a comer. Desse fato surgiu a ideia da coleção.
Os outros vieram em seguida, a partir da minha observação sobre a realidade. No caso de Meus Dois Pais, já conheci casais gays que criaram filhos e vi os problemas que enfrentaram para que suas crianças fossem felizes.
Teve algum receio ao abordar a homossexualidade para crianças?
WC: De maneira alguma. A criança é aberta, sensível, está em processo de formação e por isso tem mais facilidade de aceitar as diferenças, desde que não sejam influenciadas pelo preconceito dos adultos.
Qual era o seu objetivo escrevendo um livro com essa temática?
WC: Sempre digo que o escritor, além de entreter, ilumina aspectos do ser humano, e por isso pode contribuir para uma sociedade melhor. Isso está presente em todas as minhas obras, inclusive nas novelas. Acho que os livros ajudarão as crianças, pais e professores a debater temas importantes para a formação do cidadão e a aceitação do outro.
Você recebeu orientação de um psiquiatra especialista em sexualidade humana no livro Meus Dois Pais. Isso foi opção sua? Teve medo de fazer uma abordagem errada do tema para as crianças?
WC: Na verdade, o processo foi diferente. Eu escrevi o livro, e o psiquiatra foi convidado pela editora, sem ter nenhum contato pessoal comigo. Ele fez algumas sugestões de mudança, principalmente em relação a termos que eu usava e também em relação a trechos onde eu tentava ser muito explicativo e podia me tornar confuso.
Ele enviou as sugestões por e-mail, e vi que ele estava certo em tudo. A participação do psiquiatra foi importante porque em um tema tão delicado eu não podia cometer erros.
Na obra, você diz que se inspirou em um casal de amigos que tem exatamente aquela formação familiar, com dois pais gays. Chegou a ouvir alguma oposição de casais heterossexuais de que a temática não era adequada para livros infantis?
WC: Sinceramente, mesmo no meu Twitter não senti nenhuma oposição. E olha que tenho 48 mil seguidores. Pelo contrário, recebi apoio e tenho recebido. É o primeiro livro que trata dessa temática para crianças dessa faixa etária.
Obviamente, muita gente será contra. Mas a forma como eu coloquei é delicada e as ilustrações são lindas. Estou certo que as crianças vão gostar do livro em si, pela história que conta. E que muitos pais vão ficar felizes em poder conversar, através dos livros, sobre esse tema que já está presente em toda a sociedade.
Acha que existe uma carência de livros e outras mídias que possam colaborar para acabar com o preconceito contra homossexuais?
WC: Acho, sim. Não só contra os homossexuais, mas contra o preconceito em geral. Fala-se muito, mas há pouco debate a respeito. Meu próximo livro vai falar sobre uma menina gorda. O preconceito estético também é terrível, ainda mais entre crianças e adolescentes. E quase não se fala sobre isso.
Via Ego
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