Apesar de ter falecido no sábado (12) retrasado, somente nesta terça-feira (22) foi publicado um obituário em homenagem ao amigo e colega Humberto Slowik no jornal Gazeta do Povo, onde trabalhamos juntos.
Acompanhado de um texto acalentador de outro colega nosso, o sensível José Carlos Fernandes, muitos de nós (que apenas ficaram sabendo do acontecido pelo Facebook, sem nenhum detalhe a respeito) puderam enfim compreender, relembrar e se despedir do Humberto de uma forma digna e correta.
Confira abaixo o texto na íntegra.
Acompanhado de um texto acalentador de outro colega nosso, o sensível José Carlos Fernandes, muitos de nós (que apenas ficaram sabendo do acontecido pelo Facebook, sem nenhum detalhe a respeito) puderam enfim compreender, relembrar e se despedir do Humberto de uma forma digna e correta.
Confira abaixo o texto na íntegra.
"Quando Humberto era um guri – no bairro Santa Quitéria – sua irmã mais velha, Sheila, penava para levá-lo à escola. Ele se agarrava aos postes, resistindo à obrigação da sala de aula. Hoje, os seus acham graça da história. As birras não foram o bastante para livrá-lo das provas e dos ditados. Nem os problemas de visão o afugentaram dos livros.
Logo se mostrou um estudante dado a respostas rápidas e a um impagável senso de humor. Seu inglês, de tão bom, fazia frente ao dos que tinham vivido na Inglaterra ou nos EUA. Também se tornou um expert em música pop, gênero que começou a cultivar ouvindo vitrola na garagem de seu pai. Era uma referência cultural para os amigos. Não era preciso recorrer aos arquivos – bastava perguntar ao Humberto sobre “aquela banda nova”, da qual falava citando discos e faixas e nunca dispensando uma crítica afiada.
Não causou espanto sua escolha profissional – o jornalismo, abraçado no início da década de 1990. Logo foi descoberto. No recém-nascido Caderno G da Gazeta do Povo, Humberto – o “soldado Slowik”, como costumava ser chamado pelo escritor Valêncio Xavier –, pôde escrever sobre Madonna, seu ídolo inconteste, mas também sobre teatro e moda, que viria a se tornar uma de suas especialidades.
Tempos depois, já como editor da revista Casa Sul, aventurou-se pelo design e pela arquitetura, tornando-se um dos repórteres de cultura mais completos de sua geração. Na vida social, foi igualmente “um grande chapa”. Numa mesa em que o Humberto estivesse nunca havia concorrência. Era dele a tirada mais engraçada, a observação mais precisa.
“Ele viveu tudo o que tinha vontade”, diz Sheila. Nos últimos seis meses, Humberto ficou hospitalizado, privado da liberdade que tanto cultivava. No Natal, chegou a brindar o futuro com a mãe e as irmãs, mas em janeiro seu estado se agravou.
Foram-se as resistências do menino que se agarrava a postes para não estar onde não houvesse boa música e boa conversa. Morreu na véspera de seu aniversário. Deixa os pais Anice e Alfredo, as irmãs Sheila e Karla e a sobrinha Fernanda.
Falecido no dia 12 de fevereiro, aos 38 anos, em decorrência de Síndrome de Fournier."
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