Ontem, em ótima companhia, fui assistir o novo filme de Sofia Coppola, Em Algum Lugar (Somewhere, EUA 2010).
Seguindo seu estilo, podemos perceber claramente que a diretora possui alguns temas recorrentes em todos os seus filmes. O deslocamento dos personagens principais, o tédio da cultura contemporânea, a vontade de mudar etc. Neste filme ela utiliza mais dramaticamente os recursos cinematográficos para enfatizar as suas idéias.
O longa tem uma estética propositalmente sem nenhum glamour, filtros, câmeras de alta qualidade, locações deslumbrantes, etc. Tudo é feito para parecer despretencioso, mas com a intenção de reforçar a falta de perspectiva do personagem principal, um astro de Hollywood, e sua vida sem razão de existir.
Tudo é muito sutil e delicado nas mãos da diretora. Não existe no filme um momento, cena ou acontecimento que mude o destino dos personagens. Não há o momento de transformação, a cena edificante, etc.
Johnny Marco é o que é , e podemos concluir que ele esta morto. Sua filha deve continuar se relacionando com as pequenas coisas que a tornam verdadeira e extremamente viva no filme. Todas as comidas que ela faz, a cena da brincadeira na piscina, o banho de sol ao lodo do pai, a reação ao ter noticias da mãe mostram que seu futuro é bonito, que ela ainda tem muito para viver. O filme realmente é dela.
Sim, devo dizer que sou fã de Sofia Coppola e que até em seus comerciais de perfume consigo enxergar alguma coisa a mais. Mas acho que tudo faz muito sentido.
Minha companhia de ontem disse em tom de deboche: tudo que ela toca vira platina. Não saberia dizer se platina, mas para mim transforma-se em algo com uma sensibilidade extra nos dias de hoje.
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